Justiça obriga Ufba a aceitar entrada de professor não vacinado
Resolução da universidade determina que apenas pessoas vacinadas contra covid-19 devem realizar atividades presenciais nos campi
A Justiça Federal acatou medida liminar que autoriza entrada e permanência de um professor não vacinado na Universidade Federal da Bahia (Ufba). O docente da Faculdade de Direito, Leonardo Paupério, entrou com petição solicitando aplicar prova presencial nesta quinta-feira (3). A avaliação aconteceu presencialmente conforme decisão judicial, no entanto, estudantes contam que, de 50 alunos, cerca de sete entraram em sala.
Segundo Resolução do Conselho Universitário da Ufba para semestre 2022.2, só alunos, servidores e professores com esquema vacinal completo contra covid-19 podem entrar nas instalações da universidade e participar das atividades. A medida da instituição determina que não vacinados por contraindicação médica comprovada ou casos excepcionais relativos a comorbidades deverão permanecer em atividade remota.
O professor Leonardo Paupério tem ministrado aulas online desde o início do semestre letivo e, em petição, afirma que perdeu entes queridos logo após terem se vacinado – contudo, sem apresentar relação comprovada com a vacinação -, assim como possui histórico de asma crônica na família. Ele alega que está sofrendo constrangimento, perseguição e ameaça por não estar vacinado, ser conservador e cristão.
“Em suas aulas de sociologia jurídica […] faz, com o devido respeito pelas opiniões em sentido contrário, uma abordagem ‘diferente’ da cartilha ideológica dos comunistas. Sabe aquele papo ‘porque a democracia e tal…’? Pois é… papo furado. Na prática, é perseguição, cancelamento e demissão. É isso que desejam e tentam fazer”, critica na petição.
Paupério comunicou ao CORREIO que não dará entrevista para não “incendiar assunto”, mas que sempre fez posicionamentos de maneira respeitosa e dando espaço para interrupção. Ele destacou que as aulas são gravadas e nunca recebeu reclamação direta dos alunos, tendo mais de 80% de presença durante o semestre. O professor ressalta que não é contra a vacinação e optou exclusivamente não tomar vacina contra covid, mas respeita quem fez diferente.
Na contramão, a estudante de direito Renata Machado, 18, se matriculou em sociologia jurídica mas está tentando exclusão da disciplina no componente curricular devido à forma que o professor conduz às aulas. Ela reclama que aulas remotas comprometem o aprendizado dos alunos e consta na matrícula que o ensino seria presencial, também se queixa que o docente negligencia conteúdo da disciplina.