Provável ida de Gleisi para ministério abre disputa para presidência do PT

Estatuto do Partido proíbe o presidente da legenda de acumular outras funções.

Após definir os nomes que vão compor o primeiro escalão do futuro governo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, precisará lidar com a disputa pela presidência da PT, caso a atual ocupante da cadeira, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), seja confirmada ministra. A corrida, com potencial de gerar rusgas internas, tem três prováveis candidatos: os vice-presidentes Márcio Macedo e José Guimarães (CE), que também é deputado federal, e o ex-comandante da sigla Rui Falcão.

O estatuto do PT proíbe o presidente da legenda de acumular outras funções, como a de ministro. Caso Gleisi seja nomeada para o cargo, o vice assume o comando da sigla e tem até dois meses para marcar eleições. A presença de Gleisi na Esplanada é tida como praticamente certa, dado o prestígio que angariou junto a Lula nos últimos anos. Não está claro, porém, qual cadeira ela poderá ocupar no Executivo a partir de 2023. Por ora, há um consenso em relação ao provável processo de sucessão petista: na prática, a escolha será de Lula. O posto é visto como crucial e muito sensível para o presidente eleito. O futuro mandatário do PT vai capitanear a articulação com outras legendas e precisará organizar a militância e os preparativos para as eleições municipais de 2024. Além disso, tem o controle sobre as destinações dos fundos partidário e eleitoral.

— A presidência do PT vai ter um papel de ministério — resume o deputado federal e secretário nacional da sigla Paulo Teixeira (SP).

Pesa em favor de Guimarães o fato de ser ele a assumir a presidência, provisoriamente, no cenário de Gleisi virar ministra. Além disso, o deputado conta com o apoio de seu irmão, o ex-presidente do PT e quadro histórico do partido, José Genoíno. O sergipano Márcio Macedo conquistou a confiança de Lula durante o período em que foi tesoureiro da sigla, de 2015, no auge da Operação Lava Jato, até 2020. Lula considerava fundamental que o titular da cadeira administrasse o caixa do partido sem figurar em escândalos, problema que acometeu outros tesoureiros. Macedo cumpriu a missão, o que o credenciou para atuar como tesoureiro da campanha presidencial do PT neste ano. Nos bastidores, Lula tem emitido sinais de que avalia apoiá-lo.

José Guimarães e Macedo integram a mesma corrente de Lula no PT, a da CNB (Construindo um Novo Brasil). Ambos, entretanto, são vistos por parte dos correligionários como personagens pouco expressivos nacionalmente, sobretudo Macedo. Rui Falcão, por sua vez, tem história na presidência do PT, posto que ele ocupou por seis anos, entre 2011 e 2017. Nesse período, participou dos melhores anos do partido, quando Lula atingiu altos índices de popularidade na presidência da República, e dos piores, ocasião em que a legenda viu boa parte de seus quadros irem para a cadeia, inclusive Lula, alvo da Lava-jato.

Correndo por fora, com menos chances, os nomes dos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e Paulo Pimenta (PT-RS) também são cotados.

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