Quem são os oito capitães que podem levantar a taça da Copa do Mundo
Líderes sonham em segurar o troféu mais cobiçado do futebol.

Thiago Silva, Luka Modric, Lionel Messi, Virgil van Dijk, Hugo Lloris, Harry Kane, Romain Saiss e, sem Cristiano Ronaldo que passou a ser reserva, Pepe. Esses são os oito capitães que seguem vivos na Copa do Mundo do Catar e mantém o sonho de levar as suas seleções até o título. Reportagem mostra um perfil de cada um deles e conta as histórias dos líderes que sonham em segurar o troféu mais cobiçado do futebol.
Thiago Silva (Brasil)
A carreira vitoriosa de Thiago Silva quase acabou há 17 anos, antes que toda a mágica acontecesse. Naquela época, o zagueiro fora emprestado para o Dínamo Moscow, da Rússia, onde foi diagnosticado com tuberculose. Seu estado era tão grave que os médicos cogitaram remover parte de seus pulmões para reduzir o risco de morte. “Fui colocado em isolamento. De vez em quando um médico entrava para me dar uma injeção e mais uns 10 ou 15 remédios”, ele recorda. Depois de seis meses no hospital, Thiago foi curado e liberado para construir a carreira que nós testemunhamos.
Luka Modric (Croácia)
Modric tem 37 anos e esta ainda é sua equipe. Ele é o capitão, ícone, recordista com suas mais de 150 partidas; o mais importante, o melhor e facilmente o mais bem-sucedido da história do país, mas ainda assim Modric não é universalmente amado em sua terra natal. O motivo é seu papel no julgamento de Mamic, o maior caso de corrupção no futebol croata, quando ele mudou seu depoimento inicial e disse que “não se lembrava” dos principais detalhes que endossariam a tese da acusação. As acusações de perjúrio foram retiradas posteriormente, mas as consequências para o status de Modric permaneceram, mesmo após o sucesso chocante na Copa do Mundo de 2018.
Virgil van Dijk (Holanda)
Em novembro de 2018, o zagueiro do Liverpool mostrou seu lado humano. Durante o hino nacional antes de um jogo com a França, ele colocou seu casaco de treino nos ombros de uma menina de 7 anos, Fieke, para mantê-la aquecida. Alguns dias depois, ofereceu palavras de conforto ao romeno Ovidiu Hategan, que estava apitando um jogo da Alemanha logo após a morte de sua mãe. Sua jornada ao topo inclui ter sido descartado na academia de Willem II e superar uma infecção viral obscura, que quase lhe custou a vida. Seu lema é: “Você tem que entrar em campo sem medo” e que os jogadores devem dizer a verdade uns aos outros. “Você nem sempre pode ser simpático se quiser alcançar tudo com uma equipe”, explicou ele. Em março, Van Dijk criticou o sistema introduzido por Louis van Gaal e pediu a reintrodução do 4-3-3. Mas, desde então, ele mudou de opinião e está colocando todo seu talento na missão de levar a Oranje longe na Copa.
Lionel Messi (Argentina)
O grande ídolo do futebol na atualidade já anunciou que no Catar será a sua última Copa do Mundo, a quinta do argentino nascido em Rosário, em busca, enfim, do título mundial. Em 2014, no Brasil, “bateu na trave” com a derrota na final para a Alemanha. De qualquer maneira, Messi foi muito importante para acabar com o jejum de 28 anos sem conquistas da seleção com o título da Copa América de 2021. Se antes disso, a euforia dos argentinos com Messi já era enorme, o que acontece nos dias atuais é algo muito grande. “Tem uma geração que cresceu comigo e eu gosto muito. Essas crianças entenderam que nem tudo acontece para vencer”, disse. Messi está muito preparado para levar a seleção ao título da Copa do Mundo no Catar.
Harry Kane (Inglaterra)
O atacante do Tottenham continua sendo a joia da coroa do técnico Gareth Southgate e certamente oferece à seleção da Inglaterra sua melhor esperança de glória no Catar, onde ele espera aumentar seus números pelo país: são 51 gols em 75 jogos. E pensar que esse torcedor dos Spurs foi dispensado pela base Arsenal aos 8 anos por ser “um pouco gordinho demais e não muito atlético”. Hoje em dia, o capitão da Inglaterra é o retrato do centroavante perfeito. Tão bom fora da área quanto dentro dela, Kane é, em muitos aspectos, um híbrido ideal de um clássico 9 e um camisa 10, combinando técnica com ótima movimentação e brilho ao segurar a bola. Embora seu pé esquerdo seja um pouco mais fraco que o direito, ainda continua sendo invejado por muitos atacantes. Kane foi elogiado pelo ex-capitão de críquete da Índia, Virat Kohli, depois que um vídeo dele mostrando suas habilidades de rebatidas no ginásio do Tottenham se tornou viral. Ele também adora o futebol americano: batizou seus cães com nomes de quarterbacks famosos e há muito fala sobre seus planos de jogar na NFL quando a carreira terminar. Na infância, Kane se inspirava em Ronaldo Fenômeno.
Hugo Lloris (França)
Convocado pela primeira vez após o fiasco da França na Copa da África do Sul de 2010, Lloris tem sido o capitão da seleção há 12 anos. Ex-prodígio do tênis, o goleiro tem uma presença calma e equilibrada que se encaixa perfeitamente no objetivo do técnico Didier Deschamps de recuperar o respeito da seleção, mesmo que tenha uma acusação de dirigir embriagado em 2018 manchando seu currículo. Com 139 jogos pela seleção, a expectativa é de que Lloris ultrapasse Lilian Thuram, que tem 142 partidas pela França, e se torne o jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção francesa.
Romain Saiss (Marrocos)
Existem dois tipos de capitães: os que são barulhentos e gritam com árbitros, adversários, companheiros, e os tipos como Romain Saïss, que lideram pelo exemplo e usam poucas palavras para se expressarem. Depois da saída de Mehdi Benatia em 2019, Saïss foi a escolha lógica para novo capitão e transição não poderia ter sido mais tranquila. Ganhar a braçadeira de capitão com uma idade relativamente avançada pareceu natural para alguém que sempre esperou e trabalhou por uma oportunidade. “Eu estava jogando em nível semi-profissional e o dinheiro não era suficiente. Ganhava 500 euros e isso só pagava minha gasolina. Então trabalhei no restaurante do meu pai para ajudá-lo. Eu lavava os pratos e entregava os cardápios”. Saïss já foi vítima de racismo. Em seu primeiro jogo na Inglaterra, ele sofreu ofensas raciais de um adversário. “Se um jogador é ofendido, acho uma boa o jogador deixar o campo. É muito difícil para o jogador”.
Pepe (Portugal)
Alguns problemas físicos deixaram a presença de Pepe na Copa do Mundo em dúvida, mas o “Xerife” não vira as costas para desafios, e está sempre disponível para recompensar Portugal pelo carinho que recebeu quando deixou o Brasil. “Quando eu cheguei a Portugal, eu estava no aeroporto e só tinha cinco euros”, disse ao Expresso. “Eu poderia comprar um cartão de telefone e ligar para a minha mãe ou comprar alguma coisa para comer. Decidi ligar para a minha mãe. Então, com fome, eu entrei em uma loja de comida e perguntei para o empregado se ele tinha algo para comer. Ele me ofereceu uma baguete. Aquele gesto ficou em mim para o resto da minha vida. Eu sou quem eu sou porque Portugal me deu tudo”. Na mesma entrevista, ele revelou que era um menino mimado, que aos 17 anos ainda dormia com a mãe em algumas noites, o que o faz rir pelo contraste com a imagem de bad-boy dentro de campo.