Deputados cobram do governo do Estado medidas contra a seca que castiga interior da Bahia
Cidades como Barro Alto e Xique-Xique - na região de Irecê - estão entre as castigadas
Deputados da oposição na Assembleia Legislativa elevaram o tom e exigiram do governo do Estado a adoção de medidas visando enfrentar a estiagem que castiga municípios do interior do Estado. Até mesmo parlamentares da base governista se associaram nas cobranças. Eles querem ser recebidos nesta quarta-feira (6) pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) para tratar do assunto.
“Não adianta mais fazer audiência pública para tratar de seca. Reunião não resolve mais nada. A situação é emergencial, e o governo precisa agir. Queremos falar diretamente com o governador. Ações precisam ser tomadas imediatamente”, disse o deputado Luciano Araújo (Solidariedade), que integra a base do Executivo.
Assim como outros parlamentares, Araújo sugeriu que o governo do Estado faça a intermediação para liberar milho armazenado na superintendência baiana da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Isso aliviaria, inclusive, a situação da fome que afeta animais e até parte da população, porque sem água não tem agricultura”, frisou o deputado.
Nesta terça (5), a questão da estiagem foi discutida durante uma visita de cortesia de oito deputados que formam um dos blocos informais da Assembleia ao governador em exercício Geraldo Jr. (MDB) – Jerônimo só desembarca em Salvador no final da noite de hoje.
“Mostramos ao governador que muitos municípios estão em situação de calamidade. Pedimos ajuda para enfrentar esse problema que provoca o sofrimento a milhares de baianos. A agropecuária baiana passa por um dos seus momentos mais difíceis”, relatou o deputado Eduardo Salles (PP), que participou da reunião com Geraldo Jr. ao lado dos deputados Matheus Ferreira (MDB), Fabiola Mansur (PSB), Rogério Andrade (MDB), Hassan (PP), Niltinho (PP), Soane Galvão (PSB) e Antonio Henrique Júnior (MDB).
Atualmente, mais de 130 municípios da Bahia decretaram emergência por conta da estiagem. O tema foi debatido tanto nas comissões da Assembleia quanto no plenário da Casa. “Ainda não vimos ações concretas e integradas, ou seja, a gestão estadual é aliada ao governo federal, portanto por que não estabelecer uma parceria com a Conab para colocar o milho a um preço justo?”, questionou o deputado Pedro Tavares (União).
“Esse é um dos exemplos do que pode ser feito, pois os prejuízos com a forte estiagem são inestimáveis. A Bahia está pegando fogo, as pessoas estão sem água, os animais morrendo, as queimadas se estendendo cada vez mais e até o momento não vimos ações efetivas por parte da Secretaria da Agricultura”, complementou o parlamentar.
Líder do governo na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto (PT) responsabilizou a “ação humana” pela estiagem, inclusive os grandes pecuaristas. A seca hoje já atinge todo o Estado, desde o norte ao extremo sul. Isso também é fruto da ação humana. Nós dilapidamos grande parte da Mata Atlântica, destruirmos grande parte do Cerrado, mexemos nas grandes áreas de preservação e estamos pagando um preço caro por isso”, salientou.
“Grande parte das pessoas que criam gado em grandes áreas de extensão de terra acabou com as árvores que existiam nessas áreas. E depois cobra apenas do Estado. É preciso que a gente faça as ações de mão dupla”, acrescentou, depois de lembrar que o deputado oposicionista Sandro Régis (União) é pecuarista.