Com maior assembleia “negra” do Brasil, 17 dos 38 deputados autodeclarados negros têm raça contestada por banca
Ângelo Coronel Filho (PSD) está entre os autodeclarados pretos e pardos.
A Bahia foi o estado que elegeu a maior quantidade de deputados estaduais autodeclarados negros do Brasil, chegando a 38 dos 63 representantes na Assembleia Legislativa (AL-BA). Apesar de ser o estado mais negro do país, os números em relação aos parlamentares da AL-BA podem estar equivocados, por conta de autodeclarações duvidosas. Para a elaboração da reportagem foi utilizado o conceito da Lei 12.288, que considera pardos e pretos como negros.
A maioria da bancada na Assembleia Legislativa, na verdade, é composta por brancos, de acordo com a Banca de Heteroclassificação consultada pelo Bahia Notícias. Dezessete (44,73%) dos 38 deputados estaduais eleitos, que se autoclassificaram como negros, tiveram sua raça contestada, sendo, na verdade, cidadãos que são lidos socialmente como brancos. Numericamente, a Bahia foi o estado com mais refutações, empatado com o Piauí. Todos os deputados baianos com autodeclaração contestada se consideraram pardos.
Ao todo, os futuros parlamentares contestados gastaram quase R$ 10 milhões do fundo eleitoral na utilização das campanhas realizadas neste ano, correspondendo a metade do valor gasto para os deputados estaduais negros que foram eleitos. Levando em consideração as doações para todas as candidaturas negras à AL-BA, foram distribuídos ao menos R$ 48 milhões.
O estreante Ângelo Coronel Filho (PSD) foi o candidato que mais utilizou recursos do fundo eleitoral, considerando os autodeclarados pardos e pretos. O futuro deputado estadual recebeu doações no valor de R$ 1,25 milhão para a realização da campanha. Seu pai, o senador Ângelo Coronel (PSD), se autoclassifica como branco.
O União Brasil, que elegeu 10 deputados estaduais nestas eleições, sendo oito autoclassificados como negros, foi o partido que mais sofreu contestações. A banca refutou a raça de cinco parlamentares da legenda. Em termos percentuais, o Avante, o Patriota e o PP tiveram todos os seus deputados autodeclarados negros contestados. O Avante e o Patriota elegeram apenas um parlamentar, e o PP levou três deputados “negros”.