Mulheres de PMs impedem viaturas de trabalhar em ato para cobrar salários atrasados em RR
O que a gente quer é receber nosso salário, isso é o mínimo", disse uma esposa.
Mulheres de policiais militares impediram sete policiais de trabalhar na noite desta terça-feira (21) em um ato para cobrar salários atrasados. De mãos dadas, elas fizeram um cordão humano e fecharam a saída de três viaturas da frente da Casa do Cidadão no Senador Hélio Campos, zona Oeste de Boa Vista.
O ato começou quando policiais iam fazer a troca de serviço, disse a esposa de um soldado da PM, Amanda Teixeira. Elas ficaram no local de 19h30 às 22h. A intenção era pressionar o governo a pagar o salário do mês de outubro, que deveria ter sido pago no dia 10 deste mês.
Esposas de bombeiros e de agentes socioeducativos também participaram do movimento. O grupo é o mesmo que há 29 dias está acampado em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, sede do governo estadual.
“Íamos fechar o 2º Batalhão, mas de alguma forma essa informação vazou e eles [PMs] vieram trocar o serviço aqui. Quando chegamos, tinham policiais entrando e outros saindo de serviço”, contou Amanda.
A ação não causou nenhum impacto ao trabalho da corporação, informou o chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Elias Santana.
Amanda disse que medida foi tomada porque muitas famílias de policiais já estão com inúmeras contas atrasadas e até enfrentando dificuldades para comprar alimentação.
“Eles [PMs] estão com a família sem ter o que comer. Estamos vivendo de doação, não tem dinheiro para remédio, com as contas atrasadas e os juros aumentando. Estamos abandonados, sem respostas do governo e sem previsão do que vai acontecer”, desabafou.
Segundo ela, o ato ocorreu de forma pacífica. As mulheres seguravam cartazes, gritavam por “salário já” e “salário” durante o manifesto. Algumas cobriram os rostos com camisas e balaclava.
A agente socioeducativa Cyntia de Castro, que também está com o salário atrasado, disse que resolveu apoiar as esposas dos militares por achar injusto os fucionários trabalharem sem receber.
“A gente está aqui impedindo as viaturas de saírem porque a gente sabe que tem 20 bairros que eles atendem e esses bairros são os mais os mais perigosos da cidade. Então, acho injusto os maridos delas estarem trabalhando sem receber, e nós também. O que a gente quer é receber nosso salário, isso é o mínimo”, disse.
Desde setembro que o governo do estado não paga em dia os salários dos servidores públicos. Sem dinheiro, a crise financeira impacta ainda em despesas com fornecedores, firmas terceirizadas, transporte escolar e no duodécimo com os poderes Legislativo e Judiciário.
*Colaborou Felipe Medeiros, da Rede Amazônica Roraima