Assistência técnica voltada para Agroecologia promove agricultura familiar sustentável no Território Irecê

Produção de mais de 40 tipos de hortaliças e legumes é comercializada em feiras livres da região.

A consolidação de uma agricultura familiar sustentável, que alia a preservação ambiental à elevação da renda e à autonomia dos agricultores e agricultoras familiares. Esse é um dos resultados obtidos com a implementação dos conhecimentos agroecológicos no Território de Identidade Irecê, repassados pela assistência técnica e extensão rural (Ater) prestada pelo Governo do Estado, por meio da Superintendência Baiana de Assistência e Extensão Rural (Bahiater), da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
O serviço de Ater vem fazendo a diferença na vida das famílias atendidas. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 150% no volume de produção orgânica no Território Irecê, a partir de ações da Bahiater/SDR, que beneficiam cerca de 1.800 famílias de agricultores e agricultoras familiares, com a implementação de práticas agroecológicas. Entre as iniciativas estão o curso de capacitação, com aulas teóricas e práticas e visitas a propriedades de produtores orgânicos ou que desejam implantar a transição agroecológica; dias de campo; intercâmbios; palestras; visitas técnicas a propriedades rurais e acompanhamento de produtores e produtoras levando informações, com orientações sobre práticas agroecológicas e cultivo orgânico.
O agricultor familiar e produtor orgânico certificado Silvio Teixeira, do povoado de Queimada do Claro, no município de Barro Alto, já participou de duas dessas atividades e conta que as orientações passadas foram o diferencial para que a produção dele fosse qualificada e ampliada. Ele conta que consegui vender, nesse primeiro semestre de 2020, parte da produção para cidades de São Paulo e Curitiba. A produção, que inclui mais de 40 tipos de hortaliças e legumes, é comercializada na feira livre do distrito de Vila de Gameleira, em Barro Alto e também com entregas em domicílio, por encomenda.
“Estou tendo ótimos resultados, com melhor qualidade e quantidade maior do que propriedades que cultivam alimentos com o veneno de agrotóxicos. Colocando em prática tudo o que aprendi no curso, utilizando biofertilizantes e adubação orgânica correta, consegui colher, há três meses, 18 toneladas de cenoura, em menos de meio hectare. É possível ser melhor que o convencional, como no meu caso, colocando em prática os conhecimentos adquiridos”, afirmou Teixeira.
Edvaldo Reinaldo dos Santos, engenheiro agrônomo e técnico da Bahiater/SDR, que atua na implementação das práticas agroecológicas no Território de Irecê, ressalta a importância da Ater continuada, com capacitação e acompanhamento, para retroalimentar as pessoas que participam dos cursos e se motivam, pela consciência agroecológica, para seguir com a transição agroecológica.
“A população, cada vez mais ecologicamente consciente, vem criando uma nova demanda por alimentos saudáveis e pela preservação ambiental. Como resultado, tem-se maior incremento da renda monetária e elevação da autonomia familiar desses agricultores, em razão da redução do custo de produção, com a maior parte dos insumos utilizados vindos das propriedades e preparados pelos próprios agricultores de forma consciente. Os lucros de comercialização, com preços justos, chegam a mais de 40%”, ressaltou o engenheiro agrônomo.
A agricultora familiar Edivani Maria de Sousa, da comunidade de Salobro, no município de Canarana, também participou de um dos cursos ofertados pela Bahiater/SDR e enfatiza que foi a oportunidade para que ela mudasse a sua maneira de pensar a produção de alimentos: “O curso vem com o conhecimento e convencimento sobre a importância da agroecologia e da agricultura familiar, com as visitas às comunidades, incentivo para plantação de árvores nativas, cuidado com o solo, plantas e animais. As pessoas vão se conscientizando aos poucos, mas a gente chega lá”.
Estratégia de Ater
Além das capacitações e acompanhamento técnico, que incluem orientações sobre o manejo adequado do solo e técnicas como a de compostagem e fabricação própria de biofertilizantes e inseticidas naturais, estão ainda entre as ações estratégicas para a implementação da produção de base agroecológica a formação de bancos de sementes crioulas, que além de garantir a preservação, resgate a espécies ameaçadas e conservação da biodiversidade, contribui para a autonomia dos agricultores e agricultoras e com a redução de gastos. Os bancos estimulam também o intercâmbio entre produtores e favorecem a diversificação de variedades cultivadas nas propriedades.
Organização coletiva e resultados
No Território de Identidade Irecê, a organização dos produtores de orgânicos e o apoio do Estado, via Bahiater/SDR e de outros parceiros como a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), resultaram na criação do Núcleo Raízes do Sertão, grupo de agricultores que integra a primeira Organização Participativa de Avaliação de Conformidade Orgânica (OPAC) no estado da Bahia, a Rede Povos da Mata. São cadastrados no Núcleo cerca de 200 famílias de agricultores familiares produtores de orgânicos, sedo 129 delas já certificadas. Pelas famílias cadastradas são produzidas, por mês, mais de 80 toneladas de alimentos orgânicos, com um valor bruto em vendas da ordem de R$ 250 mil.
Com a filiação à Rede o Núcleo participa do Sistema Participativo de Garantia (SPG), que responde pela emissão do Selo de Certificação Orgânica – SisOrg, concedido a agricultores que seguem as orientações para a produção orgânica preconizadas pelo Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA), conforme a Lei 10.831.
As informações são da Ascom/SDR

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