Apoio do PT à reeleição de Lira na Câmara vai unir bolsonaristas e lulistas
Partido negocia para assumir a presidência da CCJ.
As bases do futuro governo Lula e do atual governo Bolsonaro vão declarar apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados. O PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PSB, de seu vice Geraldo Alckmin, deverão chancelar o voto na tarde de hoje (29), enquanto o PL do presidente Jair Bolsonaro deverá tratar do assunto em um jantar nesta noite, em Brasília.
O apoio petista a Lira, confirmado por parlamentares da sigla, indica uma mudança de rumo da bancada do partido em relação ao presidente da Câmara, grande aliado de Bolsonaro, e tem influência direta de Lula.
De olho no comando de comissões importantes da Casa, incluindo a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na aprovação da PEC da Transição (Proposta de Emenda à Constituição) e um início de mandato mais tranquilo, o partido não só abdicará de lançar nome próprio à Presidência da Câmara como vai aderir ao até então desafeto.
Adaptar é preciso. O PT fez oposição a Lira durante todo o seu mandato, após ter apoiado a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), em 2021. Eleito com apoio de Bolsonaro, Lira se tornou o principal aliado do governo na Casa e foi o grande articulador do chamado orçamento secreto, que fiou apoio do centrão à atual gestão — algo combatido não só pelo partido mas também criticado abertamente por Lula durante a campanha. O PT decidiu não lançar nome próprio, mas havia uma expectativa de endosso a nomes do MDB ou do PSD.
Negociação pela CCJ. Para apoiar formalmente a reeleição de Lira e integrar o bloco, o PT negocia para assumir a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, colegiado onde devem passar os projetos mais relevantes. No entanto, a ofensiva petista causou um problema para Lira, uma vez que oposicionistas do governo eleito, como parlamentares do PL, também querem o cargo. Isso porque integrantes do Centrão querem emplacar o partido do presidente Bolsonaro na CCJ, com o argumento de que a sigla elegeu a maior bancada da Casa (99 deputados). Em troca, o União Brasil, que já anunciou apoio ao Lira na semana passada, manteria a presidência de outra comissão importante.