Sem ex-chefe ligado a Bolsonaro, Olsen assume Marinha em clima de mal-estar
Garnier já havia dito que não iria à troca de comando para não prestar continência ao presidente Lula
O almirante Marcos Sampaio Olsen tomou posse hoje como comandante da Marinha do Brasil sem a presença do antecessor, o almirante Almir Garnier Santos. Presidida pelo ministro da Defesa, José Múcio, a cerimônia teve a presença de ministros bolsonaristas e lulistas. Garnier enviou uma mensagem, lida por um assessor no Clube Naval, em Brasília.
Autoridades presentes do evento admitiram que a postura de Garnier foi equivocada. O novo comandante, no entanto, já convocou uma reunião com os demais integrantes do alto escalão nas Forças para que o episódio seja “superado”. Nas trocas das outras Forças, os antecessores estavam presentes. O general Júlio Cesar de Arruda, comandante do Exército, e o brigadeiro Marcelo Damasceno, da FAB (Força Aérea Brasileira), participaram do evento hoje.
Conhecido como o mais próximo de Jair Bolsonaro (PL) entre os três comandantes das Forças Armadas, Garnier já havia indicado que não iria na troca de comando para não prestar continência ao presidente Lula, que não compareceu à cerimônia.
Garnier tentou realizar a troca de comando ao final de dezembro, antes da posse de Lula, ainda sob Bolsonaro, mas foi dissuadido pelos outros comandantes. O almirante impôs, então, que não iria ao evento. Em mensagem protocolar, lida por um assistente do gabinete do comando da Marinha, Garnier mandou lembranças a Múcio e saudou a instituição.
A ordem na Marinha agora é superar o mal-estar causado pela recusa de Garnier e reforçar que se trata de uma instituição de Estado. Próximo às Forças Armadas, o atual ministro da Defesa fez questão de cumprimentar seus antecessores no coquetel após a cerimônia.
Abraçando o general Fernando Azevedo e Silva e Raul Jungmann, ex-ministros da Defesa, Múcio tirou fotos e repetia: “Agora tudo em paz”. Militares reconhecem que ainda há muitos apoiadores de Bolsonaro e “conservadores” que fazem parte da Força, mas, assim como no Exército e na FAB, a hora é de despolitização.