Quem são e como se posicionam as deputadas federais mais votadas do país

De conservadoras radicais a defensoras da legalização do aborto

Finalizadas as eleições de 2022, começou a ser produzido um raio-x das 10 deputadas mais votadas do país, e mapear de que forma se posicionam em temas-chave para o país e a vida de suas cidadãs. Foram 10 perguntas padronizadas, enviadas e respondidas por escrito. Entre elas, questionamos sobre aborto enquanto política pública, mães solo e fome, e teto de gastos.

Vale lembrar que o pleito de 2022 apresentou um recorde histórico nacional, ao eleger 91 deputadas federais. Mas isso no Brasil, um dos piores países do mundo em termos de representatividade feminina na política. O número soma apenas 17,7% da Câmara, levemente superior aos 15% de 2018, ano em que 77 deputadas ocuparam cadeiras.

Na bancada feminina, 29 deputadas são pretas e pardas e quatro são indígenas. Duas delas, Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) são mulheres trans – as primeiras na história do Congresso.

Quatro das deputadas mais votadas do país, no entanto, não farão parte desta série de entrevistas. A começar pela número 1 da lista: Carla Zambelli (PL), eleita com quase 946.244 votos, atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP). A deputada, uma das mais radicais defensoras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não respondeu aos dois pedidos de entrevista feitos à assessoria de imprensa. A reportagem também tentou contato por meio do marido da deputada, o coronel Aginaldo de Oliveira, sem sucesso.

Zambelli foi alvo de uma ação de busca e apreensão da Polícia Federal no dia 3 de janeiro, à procura de armas, após ter o porte suspenso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. A decisão, a pedido da Procuradoria-Geral da República, foi dada depois que a deputada correu atrás de um apoiador de Lula em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, com uma pistola em punho.

Por causa do episódio, os partidos Rede e PT protocolaram pedidos para a cassação do mandato da deputada. Além disso, desde novembro do ano passado está com as redes sociais bloqueadas por determinação do Tribunal Superior Eleitoral, por atacar o processo eleitoral com base em falsas acusações de fraude. Sua colega de partido, a também bolsonarista Carol de Toni (PL-SC), deputada federal mais votada de Santa Catarina, tampouco respondeu aos pedidos de entrevista.

Outra que ficará de fora desta série especial é a deputada Clarissa Tércio (PP-PE), a sétima colocada da lista. A parlamentar havia aceitado dar entrevista, mas voltou atrás após se tornar alvo de inquérito do Ministério Público Federal, acusada de incentivar os atos terroristas em Brasília ocorridos em 8 de janeiro.

A paraense Alessandra Haber (MDB), terceira mulher mais votada do país, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só se posicionará sobre os temas perguntados quando começar o mandato, em fevereiro.

E por fim, Marina Silva seria a sétima colocada da lista, mas saiu ao tornar-se ministra do Meio Ambiente.

Ao longo das próximas duas semanas, serão publicadas entrevistas com seis deputadas da lista das mais votadas do país. Nas respostas enviadas, Erika Hilton (PSOL-SP) nos conta por que considera a política tão “cafona”, e Gleisi Hoffmann (PT-PR) defende a derrubada definitiva do teto de gastos, descrito como “cruel e ineficaz”. Sâmia Bonfim (PSOL-SP), por sua vez, promete pautar a legalização do aborto durante seu mandato. Rosângela Moro (União-SP) diz que não quer mais ser vista apenas como “mulher de alguém” e Silvye Alves (União-GO) conta da violência doméstica que sofreu e a fez entrar para a política.

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