Divulgada nova lista de espionados pela Abin paralela
Além de adversários políticos, espionagem se estendeu a aliados de Bolsonaro.
A lista de autoridades espionadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é muito maior do que o revelado inicialmente. A nova lista do esquema conhecido como Abin paralela foi divulgada nesta quinta-feira (8).
Além de adversários políticos, fontes da Polícia Federal apontaram que a espionagem se estendia para aliados políticos do então presidente Jair Bolsonaro, como os ministros Abraham Weintraub, da Educação, e Anderson Torres, da Justiça.
Os agentes da PF tiveram acesso aos números dos telefones rastreados e não aos nomes dos espionados. Por isso, o levantamento é demorado: foram mais de 60 mil acessos pelo programa First Mile, que permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses.
Conheça a lista completa abaixo
Ministros do governo Bolsonaro
Abraham Weintraub, da Educação;
Anderson Torres, da Justiça;
Flavia Arruda, da Secretaria de Governo
Carlos Alberto dos Santos Cruz; antecessor de Flavia na Secretaria de Governo
Deputados federais
Alexandre Frota;
Joice Hasselmann;
Kim Kataguiri.
Senadores integrantes da CPI da covid-19
Otto Alencar;
Rogério Carvalho;
Omar Aziz;
Humberto Costa;
Alessandro Vieira;
Renan Calheiros;
Simone Tebet;
Soraya Thronicke;
Randolfe Rodrigues.
Outros espionados, segundo a investigação da PF
O então governador de São Paulo João Dória, eleito com o apoio de Bolsonaro;
Camilo Santana, do PT, que governou o Ceará;
Os ministro do STF Luis Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes;
O então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia;
O ex-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia;
O advogado Roberto Bertholdo.
O que é a Abin paralela?
Criada em 1995, a Abin tem como objetivo fornecer ao presidente da República e ministros informações estratégicas para o processo de decisão. Entretanto, a Operação Vigilância Aproximada da PF investiga uma “organização criminosa que se instalou na agência”
O órgão suspeita que a Abin foi usada durante o governo de Bolsonaro para monitorar ilegalmente várias autoridades. As investigações apontam que foram usadas ferramentas de geolocalização de celulares sem autorização judicial.
Segundo fontes da PF, o filho do ex-presidente Carlos Bolsonaro seria o idealizador da “Abin paralela”, que teria entrado em vigor quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Diretor-geral do órgão entre julho de 2019 e março de 2022 e atualmente deputado federal, Ramagem foi um dos alvos da fase anterior da operação, que ocorreu em 25 de janeiro.
Carlos teria designado missões ao diretor – como, por exemplo, provar uma suposta ligação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes Alexandre Moraes com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como a Abin monitorava autoridades paralelamente?
Segundo a PF, o monitoramento era feito usando ferramentas da agência para ações ilícitas, “produzindo informações para uso político e midiático. O objetivo seria a ”obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.
Uma das ferramentas usadas era o software FirstMile, que permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses.
Em outubro, a PF afirmou que o sistema havia sido usado mais de 30 mil vezes, incluindo 2,2 mil usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.